A Irmandade de Santa Quitéria, devoção de origem portuguesa, construiu, nos primeiros anos da ocupação, uma pequena capela de pau-a-pique, pobremente edificada, e reconstruída quatro vezes. O local escolhido foi um morro situado entre os arraiais de Antônio Dias e de Ouro Preto. Um grupo de Irmãos da Venerável Ordem Terceira do Carmo do Rio de Janeiro, fixado em Ouro Preto, resolveu separar-se e fundar sua Irmandade própria, o que fez, recebendo Patente de Roma a 15 de maio de 1751, confirmada pela Provisão de 19 de agosto de 1754. Criou seus estatutos próprios em 1755, e resolveu construir sua igreja no local da capela de Santa Quitéria, onde a Irmandade do Carmo se reunia. As condições exigidas pela outra Irmandade foram consideradas inaceitáveis, e os terceiros do Carmo buscavam o apoio do Governo local, visando a cessão dos terrenos. A 12 de janeiro de 1756 a Mesa aprovou um primeiro projeto e a 8 de abril do mesmo ano firmou um contrato com José Pereira dos Santos para a construção. Surgiram novas dificuldades com os Irmãos de Santa Quitéria e, em 1766, foi firmado um acordo entre as duas Irmandades, e nesta ocasião foi aprovado um outro projeto, feito por Manuel Francisco Lisboa, que por ele recebeu 50 oitavas de ouro. O projeto de Lisboa sofre alterações, em curso de execução, de 1770 a 1780. Nesse ano Francisco de Lima Cerqueira contrata as arcadas e colunas do coro, em cantaria. As colunas com capitéis toscanos têm fustes gordos, em forma de balaústres. O mesmo Cerqueira contrata a portada, e não há menção de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, quanto a essas obras. Cerqueira deve ter "metido à sua custa, entalhador capaz, e com toda suficiência para trabalhar e dirigir a obra". O Aleijadinho deve ter executado esse trabalho na condição de "subempreiteiro", sob a responsabilidade do arrematante. Não há a menor dúvida quanto à sua autoria, talvez trabalhando como diarista, a uma oitava de ouro diária.
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