Com Florbela Espanca, iniciamos uma viagem, necessariamente breve, ao vasto universo da poesia portuguesa do século XX (correntes do século XX), onde encontraremos nomes como Mário Cesariny, Miguel Torga, Natália Correia, Fernando Pessoa, Aquilino Ribeiro...
Com o soneto que a seguir te é apresentado, encontrarás a sua concepção de poeta.
Ser Poeta
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
Florbela Espanca